terça-feira, 16 de agosto de 2011

1ª Viagem: Descida da Costa Vicentina, acabando em Lagos

O desafio é simples, percorrer a Costa Vicentina de bicicleta, sem stress e com recursos limitados ao que se consegue levar nas destinadas malas, que não são lá muito grandes, mas que sendo reaproveitadas, foi menos uma despesa choruda.

Decidimos arrumar as traquitanas no dia de partida, para render algum sono antes da 1ª etapa. Acordaremos por volta das 8 e esperamos partir, o mais tardar, por volta das 10. Esperamos um dia atribulado de transportes, comboio de Foros de Amora - Setúbal e ferry de Setúbal a Tróia. O tempo deverá estar agradável, sem grandes temperaturas, mas quente. Ainda assim, os níveis de U.V. estarão altos, num nível classificado pelo meteorologia de perigoso, pelo que protecção nunca será demais (creme).

Assim irei realizar a minha 1ª viagem de vários dias, a pedal, que espero me catapulte para muitas outras cada vez mais alucinantes, como ir aos Pirinéus, destino que me fez embarcar nesta aventura, a fim de entender/sentir como é estar numa viagem destas, antes de iniciar maiores (detectar falhas e erros).




Dia 1:

O dia começou cedo, mas nem por isso conseguimos partir cedo, pois subestimámos as tarefas que faltavam, que acabaram por demorar muito mais.

Aproximadamente às 13 horas já estávamos a dar as primeiras pedaladas. O primeiro desafio foi ainda antes, descer as escadas do prédio com as bicicletas pesadas e instáveis. As primeiras pedaladas foram emocionantes; sentir a bicicleta pesada era já por si uma promessa de aventura. Atendendo a que tínhamos que esperar cerca de 50 min. pelo comboio para Setúbal, decidimos almoçar na estação, num pronto-a-comer.


Não podia deixar de reparar nas caras das pessoas por quem passávamos. Olhavam-nos intrigados, provavelmente por ver a minha mãe, que nem com uns kilinhos a mais, juntos à idade, se negou a partir para a aventura. Seja como for, duas pessoas de bicicleta, cheias de tralha, são vistas como alguém pouco comum, para não dizer "extra-terrestres".



Chegando a Setúbal, fiquei parvo ao deparar-me com a ausência de indicações para o ferry, junto à estação. Foi preciso algum sentido de orientação para dar com o caminho e mesmo assim, fomos para o sítio errado, porque o ferry dos carros, onde vão as bicicletas, era um pouco ao lado. Mesmo tendo perdido desta forma um ferry, não houve stress. Afinal já não iríamos chegar cedo! Portanto toca a tirar umas fotos e imaginar o que nos esperava...

A ausência de equipamento fez-me ainda andar aflito com os boxer's e calções, pois não ía num selim de passeio, mas sim de XC, nada que um levantar rabo, volta não vira, não fosse resolvendo, ou mesmo as duas paragens feitas para comer e descansar. Foi neste último ponto de finalmente deparei-me com uma falha que tem que ser corrigida... Comida para a viagem... Fruta, como laranjas, pêssegos, bananas, etc... É algo fundamental.


Finalmente chegámos ao Parque de Campismo da Praia da Galé, mas não sem antes ter de apanhar com o pó dos carros das pessoas pouco cívicas que aceleravam pelo longo estradão de acesso ao parque. Um estradão que nos pôs à prova, cheio de ondas que parecia querer desconjuntar as bicicletas e deixar bagagem pelo caminho!...




No final, um banho seguido de um jantar rápido de atum com grão, deu-nos um pouco de descanso. Foram 48 km, de aplaudir à minha mãe, que mesmo com pouco treino lhes conseguiu fazer frente! Devagarinho, devagarinho, principalmente nas subidas, mas fazia-as de sorriso na cara!





À noite ainda houve tempo/direito a uma festa no parque, nada de especial, mas sempre distraía e aproveitou-se para comer um churro!... hihi




Dia 2:

Foi decidido ter um dia de descanso por cada paragem, para aproveitar um pouco o que o local tem para nos oferecer  e descansar, principalmente a minha mãe.

Assim tivemos o primeiro dia de descanso, merecido pela minha mãe:

O dia foi simples, estreamos o pitromax, que aclamando ser mais prático que os antigos, tornou-se bem mais difícil! (talvez já estejamos demasiado habituados ao sistema antigo).

Almoçou-se  arroz com cogumelos e salsichas!... E jantou-se uma espécie de jardineira com pedaços de bife de peru... Como se vê, o importante é mesmo desenrascar!...


Antes de uma ida à Praia da Galé, atravez de um acesso pedonal do parque (com uma valente rampa) ainda houve tempo para lavar a roupa. Não convém deixar acumular muita roupa suja, se não até se torna complicado de arrumar nas malas, para além de que apenas temo 3 mudas de roupa!

Assim se fez um dia de descanso, com uma ida para a cama cedinho, pois amanhã a partida é de alvorada!


Dia 3:

O objectivo do dia de hoje era chegar a Porto Covo.


Esperávamos pelo menos 45 Km, mas contudo, chegamos à Ilha do Pessegueiro às 18h com 60 Km e qualquer coisa...

O conta Km "resetou" a contagem da viagem, misteriosamente, quando fazíamos coisa de 20 Km...


Pelo caminho, encontrei uma capa de um motor Land Rover, mandada para a berma, que acabei por recolher, assim como uma câmara de ar 700, provavelmente furada, com caixa e tudo, o que me fez lamentar, pois deveria ser de um ciclo-turista!





Apanhamos uma Via-rápida, que parecia não ter fim. Valeu-nos um camião parado que era o único lugar onde se conseguia alguma sombra e que aproveitamos para comer laranjas...






Chegando a Sines, a fome já apertava e merecíamos um almoço. Ao vermos da Via-rápida um Pingo-Doce, a decisão foi lógica! Ir comer lá... Comprou-se pão, presunto, salsichas, batatas fritas, umas bolachas e um sumo e foi-se comer no relvado que o Pingo-Doce tinha. Junto ao relvado via-se também bastante lixo, provavelmente de quem também tinha comido ali, mas que não guardou o seu lixo.

Ainda nos perdemos ligeiramente em Sines, mas lá encontramos o rumo novamente.

Já perto do final da viagem, os meus boxers estavam a dar cabo das virilhas, graças ao tipo de selim que tenho. Apenas precisei de uns minutos para me decidir, tal era o sacrifício... Encontrando um spot suficiente escondido, lá tirei os ditos! Penso que por um triz que não chegou a fazer ferida, bem dita altura em que os tirei. De qualquer das formas, fica registado, não voltar a fazer viagens sem equipamento! Até agora não vi nenhum Ciclo-turista a passar por nós vestidos de forma normal, como íamos...Claro que o selim é o principal culpado, sendo que se tivesse usado um selim menos desportivo e mais de lazer o uso de equipamento seria secundário.


Chegando a Porto Covo, a minha mãe já poucas ou nenhumas energias tinha e punha em hipotese ficar no parque de campismo de Porto Covo em vez do da Ilha do Pessegueiro. Ainda tentamos que assim fosse, mas havia apenas um lugar para uma tenda e era a "cavalo" nos outros. Assim, depois de repor minimamente as energias da minha mãe, lá rumamos até Ilha do Pessegueiro...



Não havia sombras para tendas, infelizmente, parece que o parque foi capitalizado pelas casinhas pré-feitas e roulotes, deixando o pior espaço para as tendas... O mesmo acontece com o parque de campismo da Praia da Galé...
Ainda conseguimos um pequeno muro que nos desse alguma sombra de manhã, mas pouca...


Tenda colocada e ainda havia coisa de 2h de sol, pelo que, depois de um dia ao sol, eu tinha de ir à praia!! A minha mãe preferiu descansar no parque, enquanto eu parti em grande velocidade para a praia da Ilha do Pessegueiro.

Falando de velocidade, algo que nos fez rir que nem doidos, foi a chegada ao parque... Eu e a minha mãe íamos embalados e na brincadeira um com o outro, a fazer "picanso" hihi... Com isto, a minha mãe nem deu pela entrada do parque e quando lhe avisei ela ia a grande velocidade!... Assim que entramos, o guarda comentou com uns amigos, "mas aquilo é o quê? uma bicicleta eléctrica!?...", perguntando-nos depois o mesmo... "é que como vinha tão rápido!..."



Dia 4:

Mais uma vez, dia de descanso.

O tempo não convidava para a praia, apesar de estar calor.




Aproveitou-se para fazer algumas compras no mini-mercado do parque e fazer a manutenção às bicicletas.

O ar do mar é tão agressivo que bastou uma noite para a corrente da minha bicicleta ganhar ferrugem, pois se a bruta humidade que se fez sentir de noite, escorria na tenda, logo, também limpará um pouco o óleo.

Foi dia também de lavar roupa e claro, verificar que as pessoas são muito porcas. Os tanques da roupa, no ralo tinham desde alface a escamas de peixe!...

Durante o dia, questionamos se o tempo ia dar em chuva, o que se verificou logo ao anoitecer, pouco, mas já molhava...


Dia 5:

Esperava-nos um dia fácil. A distância prevista da viagem de Porto Covo a Mil Fontes era de 18 km, que praticamente correspondeu à realidade.

A título de experiência, eu decidi levar também as malas da minha mãe, na esperança de ela ganhar velocidade e eu perder. Pouco me abrandou, mas já foi uma boa ajuda para a minha mãe, que apesar de pouca distância e peso, a cada dia que passava se sentia mais cansada.

Com isto, ela começou a ditar a sentença... De que pensava seriamente abandonar a viagem em Mil Fontes, deixando-me a solo o resto da Viagem. Amanhã a decisão final será tomada.

Hoje foi também um autêntico dia de descanso, pelo menos a partir das 12h:

Almoçamos e jantamos fora, na primeira, ainda andamos de bicicleta a sondar os restaurantes, que bem achados conseguia-se pratos entre 5 a 6€, sendo que a maioria esticava-se para o 10€. Mesmo nesta voltinha se verificava o cansaço da minha mãe, o que me fez mentalizar para continuar a viagem a solo.

À tarde o sono e moleza bateu-nos à porta, pelo que não nos escapamos de uma valente sesta.

Perto do jantar, voltamos então à vila para pequenas compras para o dia seguinte e o dito jantar.

A mencionar que o parque de campismo, Camping Mil Fontes, sofreu melhoramentos, principalmente nos balneários, que nos deixou bastante satisfeitos. A poupança de água nota-se que foi um dos objectivos. As torneiras dos lavatórios têm sensores das mãos e até as sanitas têm o já conhecido duplo botão para pequenas/grandes descargas de água. Saltam à vista também os painéis solares que mostram ter muitas vantagens em relação aos esquentadores ou mesmo Caldeiras, tais como a água passar de fria a quente em menos tempo, devido também ao circuito poder ser menor.



As fotos de hoje foram quase impossíveis, devido à falta de bateria, ainda assim, conseguiu-se tirar umas na partida para Mil Fontes.

Esperavamos também mais confusão derivado ao Festival Sudoeste da TMN, mas felizmente tal não se notou até agora...



Dia 6:

Tivemos uma noite terrível. Começou por o vizinho não respeitar a hora de silêncio e ainda nos faltar ao respeito e acabou com o barulho da malta do Festival que por aqui acampavam. Pensava eu que já não haveria confusão, também devido ao mesmo ter acabado, mas acabei por de alguma forma estar enganado.

Passado isto, então que começa o dia em si. Finalmente tive direito a cereais no pequeno almoço. É algo que sentia mesmo falta e que era difícil de colmatar devido ao tamanho das caixas que se tornam difíceis de levar. Felizmente, o Nestum não é muito grande!

Tínhamos de ir fazer mais compras para o almoço, a caminho ainda tive a oportunidade de conhecer em pleno parque um Land rovista, que só via no Fórum Land Rover, não o conhecendo pessoalmente. Lá houve um pouco de pena em ter trocado o jipe pela bicicleta para este bocado de férias, mas nada de que me arrependa!

Para o almoço, umas almôndegas com esparguete fizeram as nossas delicias, feitas claro, no "pitro-max".

Como um bom dia de descanso, houve praia...Antes, enquanto se fazia a digestão, aproveitou-se para tratar dos deveres: Lavar roupa e loiça.

Mesmo sendo Mil Fontes um Lugar fantástico, a Arrábida não fica a trás no que diz respeito à calmaria da água que se consegue na lagoa... Não que seja mais calmo, mas é mais seguro e mais agradável (Saudade a falarem mais alto).

A minha mãe ainda tinha a cabeça às rodas... Desistir ou continuar? depois de se questionar onde ficava a estação de comboio mais próxima de Mil Fontes (praticamente em Beja...50 Km daqui), a decisão foi quase que automática... "Vou contigo!".

Ando meio preocupado, por ter visto o estado em que ela chegou ao parque da última vez, que deveria ter sido a "etapa" mais fácil até agora. Por minha vontade levava-a agarrada por uma corda, mas compreendo que seja mauzinho!... Vamos ver...Amanhã espera-nos uma viagem de 34 Km ate Zambujeira do Mar com pelo menos uma boa subida, logo no início, ao sair de Mil Fontes.



Dia 7:



O dia começou cedo. Lá pelas 8h da manhã a minha mãe só faltava andar aos pulos!


Tralha arrumada e siga para Zambujeira do Mar. A minha mãe aguentou-se melhor do que esperava. Chegando a Zambujeira, passamos ao lado do Terreno onde se deu o Festival da TMN e fiquei parvo com a quantidade de lixo que se encontrava no chão, mas foi positivo ver pessoas/organização a limparem o local. Passado isto, lá subi a velocidade para perto dos 40 Km/h, que com a carga que levava (que nem na aerodinâmica se safa) foi um feito! Já tinha saudades de passar dos 35 Km/h...







Chegamos ao parque e conseguimos um local acabadinho de vagar que não podia ser melhor: Sombra; Casa de banho ao lado; Fogareiro ao lado; Praticamente plano e nem era muito longe da entrada do parque.

Já montamos o acampamento quase de olhos fechados!

Chegamos à hora de almoço e sem mantimentos suficientes nas malas, pelo que descemos até à vila à procura de restaurante (acessível, claro, que não foi nada fácil);

A vila ainda se encontra dominada pelo pessoal do Festival, mesmo depois de ter terminado o dito.

Era só gente estranha, inclusive assisti a um roubo a uma mercearia pacata, feito por dois que vieram ao festival. Iam comprar uma serie de coisas, incluindo uma garrafa de vinho, no entanto, um deles, tencionava levar 4 latas de atum dos bolsos! Foram apanhados e até que deixassem as coisas em panos limpos, iam levando com um rolo da massa com cerca de 1 metro e com a garrafa de vinho que iam comprar! Tive de intervir para que tudo terminasse da melhor forma (afinal, estava de luvas e capacete! Não tinha muito a temer!)


Claro, houve direito a praia! uma praia óptima para o Surf, Body board e até Skiming! Obviamente, roí-me todo de não poder ir "brincar". Para banhistas comuns era mau! Corrente forte, com direito a tabuletas de aviso e 3 nadadores salvadores (um por cada menos de 100m de costa)! Até mesmo com isto tudo, os nadadores não tinham descanso! andando sempre a apitar, para controlar a malta que praticamente não podiam ter água acima dos joelhos.



Sendo que tínhamos um fogareiro à disposição no Parque, era desta que íamos grelhar qualquer coisa! Só havia bifanas no talho a que fomos. Provavelmente já íamos tarde...  Uma saca de carvão, uma grelha e siga! Com massa, claro, pois tencionamos apreçar um pouco a viagem, partindo já amanhã para Aljezur, como tal, massa é fundamental para a minha mãe.


Dia 8:

A ideia inicial era de sairmos do Parque depois de almoço, não usufruindo do dia de descanso, apressando a chegada ao fim desta aventura.


Decidiu-se fazer grelhados novamente, aproveitando o grelhador do Parque enquanto havia!

Lá fomos nós de bicicleta à vila buscar carne, como parece que se tornou meio rotina.

Com o atraso a fazer as brasas não conseguimos sair a tempo do check out do Parque, que terminava às 13h. Lá fomos obrigados a usufruir do dia de descanso, que maçada eih!?...

É de mencionar que mesmo estando limitados às bicicletas como meio de transporte, nem por isso nos falhou lenha, ao contrário dos restantes campistas, que inclusive receberam uma parte da nossa, assim como brasas! Bastava montar na bike e ir a um pinhal perto do parque para se conseguir lenha suficiente!

Tarefas típicas do dia descanso (lavar roupa e loiça) e uma sesta para compensar a noite mal dormida.


De dizer que as tabuletas de aviso de corrente forte que se viam na praia, hoje já não estavam lá! Ao que parece, ontem terá sido um dia mau de praia...

Andava meio curioso relativamente a um caminho de grande declive junto à praia! Tinha de ver onde ia dar!
A minha mãe ficou à espera na vila, enquanto eu me fiz ao pedal!
A certo ponto havia uma bifurcação em que uma das direcções era "Carvalhal", penso que seja uma hipotese a considerar amanhã na ida para Aljezur, tenho ainda de analisar bem.

A ida ao tal caminho também me proporcionou grandes vistas e até ver raridades!

Fica também o reparo de nunca ter visto tanto estrangeiro num Parque de Campismo, sem dúvidas, os Portugueses estão em minoria neste Parque, sendo os Espanhóis os dominantes! Zambujeira tem sido uma terra muito particular, parece ser um íman de gente que se costuma ver em minoria noutros locais!


Dia 9:

Saímos da Zambujeira pelas 14:30, não é a hora ideal para iniciar uma viagem, mas foi o que se conseguiu. Mais tarde já estaria a comprometer a hora de chagada a  Aljezur.

Tínhamos uns quantos desafios para o dia: o tal caminhos que falei ontem, logo no inicio da viagem, e subir Espinhaço de Cão. Não contávamos era ter de subir para Monte Clérigos (eu bem dizia! "Se é Monte, sobe-se!"


Chegamos a Monte Clérigos (destino) um pouco depois das 20h! e a piorar, o parque de campismo estava fechado, aos anos, apesar do Roteiro de Campista dizer o contrário. Se estivesse sozinho teria-me feito ao pedal, voltando para trás, para um Parque que tínhamos passado, mas já tinha sido uma grande batalha para a minha mãe, pelo que ficaríamos em Monte Clérigos, a bem ou a mal. Depois de muito perguntarmos às pessoas e estabelecimentos vimo-nos com duas alternativas: Ou acampávamos na praia, correndo o risco da Guarda Costeira nos obrigar a levantar acampamento, ou ir para Arrifana, para uma Pousada , correndo o risco de lá chegar e estar cheia. Optamos pela última .

A caminho de Arrifana vimos uma Caravana, na Arriba, lembrei-me que podia-mos juntar a tenda a eles, dando mais segurança. Fomos ter com eles, era um casal francês. Aceitaram amavelmente a nossa presença e assim apressamo-nos a montar o acampamento Selvagem, que não deu grande alternativas. Serviu para numa próxima aventura ter em atenção este aspecto, pois ter parque de campismo não é uma garantia, como tal há que garantir, telefonando para todos os Parques, perguntando se estão abertos nessa época, se têm fogareiros, se aceitam campistas sem Carta de Campista, mesmo que tenhamos essa info num guia de campista ou outro. Se possível, aproveitar para marcar, evitando chegar ao parque e não ter lugar.

Algo que nos indignou foi uma paragem numa mercearia, que rapidamente fomos "afogentados" por estarmos a encostar as bicicletas nuns pilares de madeira "chicks"! ainda argumentei que colocaria a mala pelo meio (para não estragar), mas pouco interessou! O Sr., que nem me pareceu da mercearia, dizia que tínhamos muito sitio para as pôr. A minha mãe rapidamente entendeu que a ver do Sr, as bicicletas davam mau aspecto, pelo que continuámos caminho... Assim o Sr. perdeu dois clientes, ou mesmo tirou os ditos à mercearia...


Dia 10:


Durante a noite que passou, chegamos a ter um Jipe da GNR a tomar conta de quem dormia no tal local selvagem, afinal, sem parque de campismo é normal que haja um crescente numero de campistas selvagens.
O Tempo de manhã ameaçava chuva, a partida tinha de ser rápida. A minha mãe cometeu um erro terrível, esqueceu-se tomar o comprimido para baixar os Triglicéridos, erro que já fora cometido nos primeiros dias e que a fez cansar-se muito mais, atrasando a viagem. Hoje não foi diferente, nem 5 Km tinhamos feito e ela já mal se aguentava. Decidi assim, remexer as malas para encontrar o comprimido, mesmo que tarde.

Valeu-nos um mini-mercado a caminho de Arrifana, caso contrario, não teríamos água durante uns bons Km.

O objectivo era seguir até Lagos, que foi alcançado, depois de muitos montes e vales, que me fizeram as delicias e pesadelos para a minha mãe.

Atendendo a que não podemos tomar banho desde ontem, ao chegarmos a Lagos, já só queríamos tomar um. Foi precisa alguma determinação para deixar essa tarefa como última prioridade e tratar já do Comboio e almoçar. Já não havia comboios para nós, pelo que não tínhamos alternativa se não ir para casa amanhã, às 12:50h.

Curiosamente, senti-me mais inseguro no Parque de Lagos do que quando fazia campismo selvagem, pois se antes estávamos no meio ao "Deus dará", aqui estávamos envolvidos de Pessoas com aspecto duvidoso!


Dia 11:


Foi o último dia, o objectivo era apanhar o comboio das 12:50 para Setúbal, fazendo escala em Tunes. Mesmo esta tarefa simples não deixou de ser uma aventura! Ao todo éramos 5 Ciclo-turistas e o Comboio tinha capacidade para 4... Felizmente podíamos ir junto às bicicletas e a minha acabara por ficar fora dos locais destinados às mesmas.




Os suportes, apesar da ideia ser boa, tinham algumas falhas técnicas: Os ganchos eram em "U", fazendo com que as bicicletas, nas curvas, andassem de um lado para o outro! Deveriam ser em "V". Outra falha é o gancho não ter revestimento em borracha, riscando as jantes, por ser metal com metal.
A primeira falha foi colmatada por mim, colocando um cabo elástico a puxar o par de bicicletas para junto da parede a seu lado. O outro par de bicicletas, como não tinha corda elástica colocou em cadeado a fazer o mesmo efeito.

Junto connosco acabou por se juntar um grupo de estrangeiros cheios de malas.
Nesta confusão de gente e bagagem, a minha bicicleta impedia a passagem entre as duas carruagens, que obviamente, tinha de ser bastante usada afim de me fazer deslocar a dita constantemente!

Chegando a Tunes, o pânico era grande a tentar tirar as bicicletas do gancho, principalmente a da minha mãe! Isto porque se temia não se conseguir sair a tempo do Comboio!
Enquanto se esperava o Comboio, foi tempo de partilhar experiências com os 3 Ciclo-turistas que iam connosco. Um deles foi desde o Porto até Sagres e enganem-se se pensam que era alguém experiente ou até com grande bicicleta! Segundo ele, a razão principal da sua viagem era deixar de fumar, que conseguiu, assim como a minha mãe.

Os outros dois, era amigos que se lembraram de partir para esta aventura, descer a Costa Vicentina, também pouco experientes nestas andanças principalmente um deles que até a bicicleta tinha sido emprestada!

O comboio que nos levara até Setúbal era mais recente mas nem por isso a indicação de onde colocar as bicicletas era clara. Com a pressa, acabamos 3 por colocar as bicicletas no centro do comboio, à semelhança do que se fez no outro Comboio. Os 2 restantes optaram por experimentar uma das pontas, acabando por terem mais sorte, pois era o local correcto!
Sem tempo para tirar e voltar a pôr as bicicletas no Comboio, optou-se por levar as 3 até uma das pontas do Comboio. Escusado será dizer que, com as bagagens, passar no meio dos bancos não foi tarefa fácil!

Lá foi então o Comboio, sobre-lotado de bicicletas, pois também só estava pensado para um máximo de 4...

Durante esta viagem fomos falando com o Sr que vinha do Porto, onde tive a oportunidade de divulgar a Ciclo Oficina, pois ele tinha comprado a bicicleta de propósito para a viagem e não tinha nenhuns conhecimentos de manutenção de bicicletas, pelo que com a ajuda da malta da Ciclo Oficina do Porto, por certo rapidamente começa a tratar da sua bicicleta, que muito aguentou! Pelo menos óleo na corrente apenas teve o que vinha da loja (no fim estava já super seca e a ganhar vestígios de ferrugem) e mesmo assim não se queixou (não partiu ou se danificou).

Assim se fez uma viagem diferente e se aprendeu como começar as próximas mais ambiciosas!...

4 comentários:

  1. Parabéns à Cristina por acompanhar até ao fim a aventura do maluco do filho!

    Espero poder acompanhar-vos em futuras viagens. :)

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  2. Em Agosto deste ano também tive a oportunidade de fazer a mesma aventura :) Foi absolutamente ESPECTACULAR :)
    Ao ler a vossa experiência foi engraçado ter-me acontecido coisas semelhantes; uma delas foi o conta Km fazer reset inexplicavelmente.
    Quanto ao parque de campismo da Galé eu já conhecia a terrível estrada... (de bike e com alforges não ia ser fácil) e qual foi a minha surpresa de que já está alcatroada.
    Relativamente ao comboio, só apanhamos o regional de Coimbra para Lisboa e fiquei admirada como é que um comboio em que podem ser transportadas bicicletas não ter as devidas condições para tal. Idealmente só levava uma (e já vinha), pelo que as nossas (2) bolquearam a utilização de 2/3 bancos laterais.
    Acho que as pessoas já nos olhavam com alguma normalidade; pelo que nos disseram em 2 parques de campsismo, este ano houve muita gente a fazer a Costa Vicentina de bicicleta, princiaplamente nesta altura do ano.
    Para finalizar: "Valeu a pena? Tudo vale a apena quando a alma não é pequena." Fernando Pessoa

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    1. Entendo bem quando fala dos lugares do Regional Coimbra-Lisboa :) Vim há pouco de uma viagem que publicarei em breve, também apanhei esse comboio! Um senhor até comentou, "a ideia é boa, mas e se vierem mais bicicletas!?" ao que o supervisor, ouvindo o comentário, respondeu "Caso haja mais do que se pode arrumar, é simples, não viaja..." O que é certo é que a situação de ficarmos a bloquear passagem e bancos aos peões por excesso de bicicletas já começa a ser bastante visto, pelo que pode ser que optem um dia por ter uma carruagem apenas para bicicletas, hihi... Um dia!...

      Obrigado pela partilha Juana Marg, espero que tenha ficado a vontade de fazer pelo menos mais uma aventura a pedal! :)

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    2. Juana Marg, a tal viagem que falei já se encontra disponível na página Inicial :)

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